Vivemos cercados por mais do que jamais poderíamos imaginar. Mais roupas, mais ofertas, mais informações, mais estímulos, mais possibilidades. E, no entanto, estamos mais confusos, endividados, insatisfeitos — e desleixados — do que nunca. O hiperconsumo nos prometeu praticidade e liberdade. Mas, aos poucos, transformou nossas casas em depósitos de sobras, nossos armários em fontes de frustração e nossas mentes em redemoinhos de indecisão. O paradoxo da escolha nos aprisiona: com tantas opções, deixamos de saber o que realmente queremos e até mesmo quem somos. A elegância se perdeu nesse caminho. A elegância se perdeu, não por falta de acesso. Mas por excesso. O excesso nos cansa, nos distrai e nos priva do prazer da escolha. Isso porque quando tudo parece disponível, o valor das coisas — e de nós mesmos — se dilui. Neste cenário, é fácil negligenciar a própria imagem. A pressa e o acúmulo nos conduzem ao “tanto faz”: tanto faz o que eu visto, tanto faz como me apresen...
Vivemos cercados por urgências. As notificações não param. Os prazos se acumulam. As tarefas do dia parecem engolir o tempo — e, com ele, a leveza. Sem perceber, muitos de nós entramos no piloto automático. Acordamos, vestimos a primeira roupa que encontramos, corremos para compromissos, nos alimentamos sem atenção, respondemos no impulso. Vivemos. Mas não habitamos, de fato, a nossa vida. E nesse ritmo acelerado, vamos nos afastando de algo essencial: a elegância. Quando foi a última vez que você se vestiu com intenção? Não para impressionar, mas para se expressar. Não por obrigação, mas por cuidado. Quando foi a última vez que você fez uma refeição com calma, escolheu palavras com gentileza ou caminhou sem olhar o celular? A verdadeira elegância não está nos excessos. Ela se revela no propósito. Está nos gestos sutis, nas escolhas conscientes, na harmonia entre quem somos por dentro e o que mostramos ao mundo. A pressa rouba a presença. E sem presença, perdemos a chance de...